segunda-feira, 16 de março de 2009

Dos 16 aos 16 - Cap 2 - Um dia na escola

Leia antes a sinopse e o capítulo anteior.

Segunda Feira, sete horas da manhã Alex passa na casa de Rogério em direção a escola, colégio na verdade, Colégio Vendramon. Quando chegam dão de cara, logo na primeira aula com quem? Não teria nada pior que começar uma semana com uma aula de química, o pior de tudo era que não era uma aula, eram duas, pra por todo mundo da sala pra dormir mesmo. Mas Rogério era impagável, mesmo tendo notas bem razoáveis, ele estava sempre brincando e conversando,.

Monóxido de Carbono, Dioreto fosfático, quem estava ligando pra isso? Foi aí que Rogério começa a puxar conversa com o até então sonolento Alex:

-Ai véio, essa aula é embaçada ein cara?
-Pode crer, não agüento mais essa medusa na minha frente – reclama Alex bocejando.
-To vendo que você num tá muito animado. Sabe do que você precisa? De um gros...
-Menos vai Rogério, menos!
-Só to tentando ajudar.
-Ow, você vai lá na casa da minha mina comigo hoje?
-Ah cara, eu vou lá ficar chupando o dedo que nem da última vez.
-Se liga moleque, vai uma amiga dela lá, por isso que eu to te chamando hoje.
-Mas... Será que ela é bonita?
-Só indo lá e vendo.
-Pode crer. Que horas?
-Lá pras três da tarde eu passo na sua casa...
-Beleza!
Passados segundos de silêncio entre os dois, Alex retoma:
-Ontem eu fui no ensaio do Abec 5! Foi da hora.
-Só! Nem rolava eu ir, fui na casa da minha avó. E sou mais amigo dos moleques do
Porca Loka, da outra...
-Rogério, pra fora da sala – interrompe a delicadíssima professora Núbia (Química).
-Mas pro...
-Nada de “mas” Rogério, sai agora, direto pra sala da Dona Joana.
-Tem mó galera conversando e você vem gritar comigo? Você está louca. Ah! Eu também não queria ficar nessa porcaria de aula.

Aí, como em toda sala aquela menininha chata fala:

-Cala boca Rogério, já atrapalhou a aula demais! Sai logo!
-Não enche você também – Rogério virou-se e saiu.

Rogério não agüentava aquela professora e menos ainda aquela menina chata. O nome dela era Roberta. Ela era namorada do Jorge, realmente Alex e Rogério não iam muito com a cara desse moleque, mas tentavam disfarçar algum coleguismo com ele, afinal eram da mesma sala e para evitar desgaste, às vezes é melhor fingir um pouco. Rogério se revoltava por dentro às vezes com as brincadeiras imbecis de Jorge, mas fazia de tudo para manter a calma. Com Roberta era a mesma coisa, mas na maioria das vezes ele não se segurava e respondia com todo prazer e ignorância necessária. Ele sabia que desse jeito ela não iria aprender, porém ele se sentia melhor após uma boa resposta.

Na hora do intervalo, Rogério se dirigiu a sala vizinha, no caso a sala onde a mina que ele estava a fim estudava e ficava durante o intervalo. Com certeza era a pior opção, além de Bruna não ser lá aquelas coisas, era metida e babava muito quando falava, sem contar que já tinha beijado metade da escola. Mas ele gostava dela e vinha sempre com o mesmo assunto de segunda feira:

-Oi Brú!!! Como foi seu fim de semana?
-Foi bom!- e ela só pra dispensar o coitado desta vez disse - Comecei a namorar o Wesley. Não é lindo?!

E ele com aquele sorrisinho bobo na cara confirma:

-É, lindo. Aliás, quem é Wesley?
-Ai, é um menino lindíssimo da minha sala do Cursinho, eu acho que amo ele! tão meigo...
-Hum... Bom eu vou lá falar com o Eduardo sobre o esquema de ir ao show do Ramones – fala Rogério meio desanimado.
-Vai lá! – Fala Bruna quase expulsando Rogério.

Quando Rogério chega ao pátio encontra Eduardo e Alex conversando, justamente sobre o tão esperado show. Show que Rogério sabia que precisaria da ajuda do seu irmão e fiel comparsa, que nem ao menos gostava de Ramones. Mas isso não era problema, ele já tinha tudo pensado em sua mente para fugir do “não” da sua mãe. E foi sobre isso que conversou com seus dois amigos.

Toca o sinal, hora de voltar pra sala? Que nada, hora de cabular. Mas não para Rogério. Fez a melhor escolha pra ele naquele momento, afinal já tinha levada uma advertência no dia por ter sido expulso da sala.

Enquanto Rogério assistia a uma ótima aula de biologia, com a cabeça em sua mais nova odisséia: conversar com sua mãe sobre o show e tenta-la convencer a liberar, para ele não precisar fugir. Alex e Eduardo fofocavam após assinarem a advertência por cabularem a aula:

-O Rogério é mó vacilão, fica insistindo nas idéia da Bruna – diz Eduardo.
-Pode crer. Mas se ele gosta né? Fazer o que? Mas tem mina da tarde da hora a fim dele, só que a mina num chega nele porque ele tá encanado nessa vaca da Bruna!
-Que mina é essa?- Questiona Eduardo.
-Aquela que você marcou de sair amanhã!
-Puta vacilo, vou desmarcar! Sem zoeira.
-Faz isso veio, vai ser melhor. Ah! Nooooossa cara vou zoar o Rogério hoje. Haha,
vou encontrar minha mina, e vou levar o Rogério pra conhecer uma amiga da minha mina, a Joaninha Pedroca, sabe?
-Nossa veio essa mina é muito feia!! Hahaha, até imagino a cena, o idiota do Rogério beijando aquela tranqueira...
-E você acha que ele vai beijar? Sonho meu, sonho meu... – debocha Alex.

Ao bater o sinal do fim da aula Rogério nem espera Eduardo, pois tem curso de Inglês, e ele só tem tempo de chegar em casa, almoçar, ir ao banheiro e sair em direto para o curso, o qual ele já havia se cansado.

Quando chegou de volta em casa não deu nem tempo de pegar o seu violão e já passou Alex. Quinze minutos andando e viram a esquina da rua da Marcela (namorada de Alex), e Rogério pode ver a doce Joaninha Pedroca, ao avistar aquele ser com curvas perfeitas de uma bola gigante, e que tinha tudo em cima: peito em cima do umbigo, barriga em cima do joelho, seus suaves cabelos de palha deitavam delicadamente sobre sua pele cheia de espinhas e a boca carnuda contornada por um suave batom borrado. O ser estava logo ao lado de Marcela, então Rogério virou-se para o caminho de volta para casa, sem dizer nenhum piu. Alex gritou o nome dele, mas era inútil. Alex pensava: “que custava ele ir lá pelo menos ir trocar idéia?”, e ele tinha razão, mas para Rogério era inaceitável o que Alex havia feito.

Rogério não havia aprendido com sua arrogância que ninguém é melhor que ninguém. Era um problema dele, e ele sofreria muito com isso ainda.

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