segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Mané, O Planejador

Prometi no post inaugural deste ano, e aqui está! O que eu vou contar aqui hoje é uma história de doente, um doente da mente, que ao contrário do que as vezes pensamos, não é o louco, mas existem muitos doentes da razão, são racionais, que se matam, dia-a-dia, buscando razões para tudo que acontece, para tudo que fazem.

Existem duas formas de se pensar a vida: viver pensando sobre os que está acontecendo, ou viver pensando o que vai acontecer.

A primeira mais simplória e ideal, é, pra mim, bem explicada pelo Gabriel, O Pensandor. Ele vê algo, entende, pensa e transforma isto em algo bom, no caso uma música. Mas não precisamos ir tão longe, se o algo bom gerado for apenas a própria consciência, já estamos no caminho. Vi este vídeo que fizeram para uma música do Gabriel, O Pensador. Acho a música boa, e o vídeo, calhou bem.



A segunda é triste, pedi um depoimento ao Mané, O Planejador. Espero que reflitam.

"
Eu tinha 18 anos, e comecei a perceber que fazia tudo meio sem pensar. Tomava um pileque, e não lembrava no outro dia. Que tempo difícil, graças a Deus isso passou, noites que eu mal dormia, e mal sabia o que tinha acontecido, e o pior, mal sabia o que ia acontecer... só de pensar já me dá agonia.

Uma vez, aos 21, eu fiz uma bobagem: sai mais uma vez com meus amigos, sem planejar. Chegando lá, eu tinha levado meus 30 reais (valor máximo para uma balada não planejada, podiam ser apenas 2 por mês), deu alguma coisa em mim, quando vi, já estava conversando com uma menina, maldito impulso. Papo vai, papo vem mais uma vez, maldito impulso, acabamos no Motel, a noite que eu pretendia gastar trintinha, morreu em mais de 100. Decidi que dali para frente eu só ia para o motel quando planejado.

Aos 22, ainda me recuperando deste mal de agir pela emoção, eu ainda tinha algumas recaídas. Eu saí, sábado a noite com a minha namorada, aniversário de 1 ano de namoro. Planejei tudo, mas como tinha planejado coisas para o domingo, resolvi que aquele dia eu deveria voltar para casa logo depois do jantar. Fomos pro carro, ela começou a me beijar, passar a mão onde não devia... Quando vi, estava dirigindo para o motel. Felizmente, consegui me controlar e levei-a para casa, e antes da meia-noite estava de volta a meu domicílio. Pouco depois, ela terminou comigo, disse que eu estava ficando muito chato, mas eu também não aguentava mais as intempestias dela.

Aos 25, eu estava praticamente curado. Tinha meu dia na agenda. Todas as contas na ponta do lápis. Todos os telefones dos meus amigos salvos em 3 lugares diferentes, dois digitais e um físico. Eu me conhecia como ninguém se conhecia. Me sentia praticamente um mestre do tantra, ou um samurai de filme, que se conhece a todos os limites. Um jovem promissor.

Dos 26 aos 30, minha vida foi simplesmente perfeita. Um planejamento no MS Project, em que todos os projetos foram completados a 100% e dentro do prazo. As namoradas que quis, a primeira noite quando planejei. A mudança de emprego e a promoção. Cada passo, medido com precisão, estava até perdendo a graça.

Aos 32, 7 meses, 5 dias, 9 horas, 32 minutos, e 7 segundos, após escovar o dente no dia 25 de maio de 2008. Dia ensolarado que fazia 27 graus, ventos de 13km/h, humidade relativa do ar de 18% em São Paulo, Barra Funda. Fui para a cozinha para tomar meu café da manhã.

Cheguei lá, e vi muitas coisas. Vários armários entiquetados "pratos", "cumbucas", "panelas". Olhei a geladeira... o fogão... a torradeira, e não sabia o que fazer. Eu não tinha planejado o café da manhã. Voltei pro quarto, sentei ao Laptop, e fiz rapidinho o planejamento do café da manhã, afinal de contas o planejado era que eu só teria 20 minutos para planejar e executar.

Peguei o carro na garagem, ainda sem entender o que tinha acontecido. Tudo estava meio confuso, mas felizmente eu tinha comprado um GPS, e minha viagem até o trabalho foi traquila. O dia de trabalho também foi ótimo, sem contar o almoço que tinha planejado ir com meu chefe, mas ele não pode. Fui sozinho ao local e pensei sobre os assuntos que queria discutir.

Quando cheguei em casa, pela primeira vez nos últimos 5 anos, replanejei uma atividade. Em vez de assistir o Jornal, parei um pouco para pensar sobre o episódio matinal. Logo concluí que para evitar problemas, precisava planejar minhas refeições. Passo-a-passo, tempo de forno, de limpeza, troca de botijão de gás, etc.

Quando isto estava pronto, fui fazer a janta, seguindo o planejando que eu tinha acabado de preparar. Sendo assim, não tive novidades. O arroz ficou ótimo e não restou um grão sequer. Senti renovado para começar o próximo dia com o pé direito, como o planejado.

35 anos, 2 meses, 3 dias, 1 hora, 1 minuto e 57 segundos. Fui ao banheiro. Terminei minhas necessidades, olhei para o lado, não havia papel higiênico. Eu não sabia o que fazer. A primeira coisa foi ligar para minha empregada e dar uma bronca dela. Desliguei o telefone e não sabia o que fazer, isso não estava no meu planejamento. Como era sábado e os planos não envolviam grandes danos, resolvi ficar no banheiro até a hora de tomar banho, então eu poderia me limpar.

Como não havia papel higiênico, planejei não ir ao banheiro no próximo domingo, apenas na segunda-feira, ao chegar do trabalho, como sempre. Infelizmente, meu intestino não concordou com meu planejamento, e durante a reunião de status semanal ele começou uma revolução. Utilizei o processo de conversão enquanto pude. O problema é que a conversão muitas vezes é danosa a área habitada. Mais uma vez, tive que replanejar meu almoço, e utilizar 15 minutos dele para outro fim, fisiológico desta vez.

37 anos e duas horas. Planejei ir ao motel com a secretária, cheguei lá, mas... Ela foi embora em 30 minutos, eu fiquei 4 horas para seguir o planejamento.

39 anos, 11 meses, 7 dias. Alarme tocou. Eu costumava saber decor o que fazer. Não lembrava. Felizmente o notebook estava ao alcance das mãos. Dizia que a primeira coisa que eu tinha que fazer era me trocar. Pensei, pensei... tinha algo para fazer antes disso, mas eu não lembrava o que. Depois de 2 minutos e 37 segundos pensando, concluí que o primeiro passo era levantar. Mais uma vez, tive que replanejar algumas atividades, para replanejar o planejamento, colocar mais detalhes.

Como as atividades estavam muito detalhadas, precisava tê-las sempre a meu alcance, e passei as atualizar também em meu palm-top.

39 anos, 11 meses, 24 dias. Inseri no planejamento: para frente e para trás 40 vezes no lado esquerdo, 40 no lado direito, 40 no lado direito. Frente, sobre e atrás... Cortar carne, por na boca. Pegar arroz e feijão, por na boca. Mastigar 10 vezes no lado direito. Repetir até acabar a comida do prato (mas quando acabava a carne eu não sabia mais o que fazer).

39 ano, 11 meses, 29 dias. Fui dormir, 22 horas, como o planejado para uma terca-feira. Mas a 00:01, um batalhão de amigos entraram pela porta do meu quarto. Cantando parabéns, com bexigas e presentes em suas mãos. Eles achavam que eu precisava quebrar a rotina.

Eu acordei, assustadíssimo, não sabia o que fazer. Meus olhos mal se mexiam, eu me perguntava "o que eles estão fazendo aqui? o que está acontecendo?". Eu não tinha um plano B pra esta situção, não sabia o que fazer. De repente saí de baixo da coberta (que me protegia dos “invasores”) comecei a gritar para que todos saissem. Alguns falavam para eu ter calma, até meu chefe estava lá e disse que eu não precisava trabalhar no dia seguinte. Eu não ouvia a ninguém, meus olhos não piscavam. Não parei até que todos tivessem deixado minha casa.

Voltei para a cama. Eu não piscava, não sabia o que era isso. Eu pensava "dormir, dormir, dormir, dormir". Mas não dormia. Eu havia me esquecido como fazia para dormir. Abri o Google, mas eu não encontrava o "sono básico", apenas tântricos, na água, terapeuticos, mas não o princípio de como dormir. Eu sabia que era na cama, mas não sabia como. Meus olhos, que não piscavam mais, começaram a secar.

40 anos. 7 e meia da manhã meu despertador tocou. Era hora de acordar, mas eu não havia dormido. Segui os passos do meu planejamento para aquele dia.

Como era meu aniversário, eu tinha colocado espaços para assuntos aleatórios no plano do dia. Aproveitei estes momentos para indiretamente perguntar como se fazia para dormir.

- Então Joana, como você dorme?
- Normalmente de bruços, mas que pergunta é essa?
- Nada não, curiosidade.
- Eu ein!
- Mas na verdade, eu queria saber antes disso... - tentei mais uma vez.
- Como assim?
- Não a posição, mas o como mesmo...
- Ué, apaga a luz, fecha o olho e dorme... Não to te entendendo Mané.
- ...
- Aliás, você tá com um olhar estranho, não está piscando. Está com cara de quem não pregou o olho está noite.
- Pois é...
- Espero que tenha aproveitado - sorriu.
- Aproveitei sim - sorrindo amarelamente.

Depois desta conversa, me lembrei que precisava piscar. Para evitar problemas, inseri no meu planejamento. Coloquei também, respirar lá, caso eu venha a esquecer algum dia.

Ao menos, felizmente, eu comecei a colocar em meus planejamentos tempo para planejar os próximos planos. Caso eu não tivesse feito isso antes de terminar o planejamento inicial, não sei como...

Hora de dormir. Tchaw!"

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Bem Vindos a 2009!

Anos terminam, anos começam. O que este tem de diferente dos outros? Uma crise? Aquecimento Global... Na verdade nada disso é novidade, este ano só será diferente dos outros caso você decida que assim será!

Para o HomeroCarmona.com, este será um ano diferente. A primeira mudança é que este não é não é mais o Manual da Vida Corporativa! este é simplesmente HomeroCarmona.com, que contém () o Manual da Vida Corporativa. Mas a partir de agora também está contido () no HomeroCarmona.com o LSS (Lifespan Soundtrack), que é representado pelo violão logo abaixo do meu perfil!

Qual o motivo desta mudança? Não, eu não quero virar um portal, apenas queria que meu blog se tornasse humano, afinal não só de trabalho se vive. Por que eu tenho que falar só de trabalho e coisas relacionadas? Não, isto é só uma parte da minha vida, portanto, está será só uma parte do meu blog!

Por que o LSS? Bom, porque música é parte imprescíndivel da minha vida, e ele merece um blog dedicado só pra ela. Sem pretenção, mas acho que todos deveriam ter algo como este blog, ter uma lista de músicas favoritas (outro poderiam ter de livros, filmes, etc.), ou mesmo mais odiadas, que façam parte da sua vida... é a trilha sonora da sua vida. Ele é meu primeiro projeto em inglês (tá bom, na verdade é o segundo o primeiro está em pausa por tempo indeterminado, hehe), e ele é a melhor forma que encontrei de me manter em contato com todo o mundo, uma vez que além de brasileiro, sou cidadão do mundo, do Universo.

Essa minha vida aqui na Europa, contada no E-dublin (que também é parte do HomeroCarmona.com), vem mudando muito meus conceitos, e um deles é em relação a barreiras! Não existe motivo, razão para criar barreiras para o que você quer fazer da sua vida, nem para o seu blog (tá bom, para o blog existe motivos, mas não no meu caso).

Estes dias eu escrevi no E-dublin, falando um pouco das coisas que aprendi por aqui. E não se limitar é o caminho para a felicidade (Leia aqui). Ninguém é velho, novo, obrigado a fazer algo, todos fazemos porque queremos e assim sempre será até que decidamos o contrário. Pode ser por um filho que veio ao mundo, uma oportunidade de tentar pela última vez algo que você sempre quis, mas tudo isso, pode adiar, não determinar o fim das chances de fazer algo.

Não acho que todos devam começar a fazer algos impensados daqui para frente, e viver em uma loucura, o limite é sempre o bom senso. Mas precisamos nos preocupar um pouco menos com o "senso comum" (isso não serve pra isso, isso não se faz, isso não é idade, isso não é jeito) e também um pouco menos com o que as outras pessoas vão pensar, no sentido de que o seu bom senso, é diferente dos demais, e ele só deixa de ser bom senso quando é prejudicial a outrem.

Porem, não quero entrar em questões do que é certo, ou do que é errado. O fato é que nem tudo precisa de uma razão específica para ser feita, se isso acontecer, vamos precisar até de nos explicar (o motivo) para piscar o olho, vamos precisar planejar seu piscar de olhos e sua respiração. Aguardem, esta semana vocês vão saber mais a respeito! =o)

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