segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Dos 16 aos 16 - Cap 20 – Dia de Festa (Parte 2/3)

Leia antes a sinopse e os capítulos anteiores.


Até agora somente boas notícias, literalmente presentes para Rogério não é? Daí para frente nada de muito diferente aconteceria. Chegariam: Eduardo, Pitoca, Zelu, Marcela, Jéferson, Babaloo, Mariana, Joaninha Pedroca, Jorge, Roberta e até a Bruna foi, fora alguns parentes de Rogério.

Todos presentes e Rogério tentando fazer sala a todos quando sua mãe o chama para a cozinha:

-Rogério vá chamar todo mundo. Vamos cantar Parabéns e cortar o bolo, querido!

Rogério volta a sala e puxa ar para chamar a todos em um só grito, mas pára e pensa em chamar duas pessoas que estavam faltando. Ele pega as chaves de casa e sai em direção ao bar à procura dos Senhores Romero e Damiel. Eles passavam o dia todo naquele bar.

Ao chegar ao bar não os avistou e resolveu perguntar ao dono do bar.

-Por favor, sabe dois senhores que passavam o dia todo aqui no seu bar jogando cartas, ou dominó e comendo petiscos? Dois senhores bem idosos já.
-Romero e o Damiel?
-Isso, eles mesmos. Você sabe onde posso encontrá-los?
-Sei sim. Mas acho que você não vai conseguir falar com eles não.
-Ué, fale onde eles estão, eu preciso muito encontrar eles. É muito importante.
-Eles estão no cemitério!

Rogério inocentemente pergunta:

-Fazendo o que no cemitério?

O dono do bar riu-se, tomou um gole de água e respondeu:

-Estão dormindo
-Mas como isso foi acontecer? – perguntou Rogério extasiado.
-Bom, é uma longa história. Mas em resumo: eles estavam sempre juntos, o dia todo, há anos viviam juntos, e o pessoal dizia muito que eles eram homossexuais. Todos faziam brincadeiras e eles nunca ligaram, talvez porque realmente fossem, ou talvez porque a experiência de vida lhes davam tranqüilidade para aceitar brincadeiras. Porém quarta feira passada...

...Estavam Romero e Damiel jogando Buraco. E o Seu Boneca estava bebendo umas e outras, e ele, você sabem sempre andava armado. Seu Boneca sempre ficava tirando sarro dos dois, e dessa vez não foi diferente, só que desta vez ele estava mais bêbado que o normal.

Seu Boneca foi até a mesa dos senhores e disse:

-Que que as duas bichinhas tão fazendo?

Tranqüilamente Damiel respondeu:

-Buraco, conhece?
-Conheço sim. Vem cá, vocês num tem nada de mais interessante pra fazer? Vocês não são namorados? Então, deviam fazer coisas mais legais.

Ambos nem se abalaram, e Seu Boneca continuou:

-Quem é o passivo? Eu aposto que é você – falou apontando para Romero.

Romero apenas olhou para ele e voltou-se para Damiel dizendo:

-Bati! Me dê o morto, por favor.

Boneca viu aquela olhada como uma sátira, ironia ou coisa do tipo e se enervou já tirando o revolver.

-Ae sua bichinha, tá tirando? Ninguém tira, Manuel Azevedo dos Santos, o Boneca.
Vai ter que fazer um trabalhinho pra mim agora se num quiser morrer! – falou Boneca abrindo o zíper das calças.

Romero continuou o jogo como se nada estivesse acontecendo, pegou o morto agradeceu a Damiel:

-Muito obrigado!
-Obrigado o caramba – enervou-se mais ainda seu Boneca – Você num tem que agradecer, você tem que colocar a boca sua bicha velha!

Romero continuou ignorando até que Seu Boneca colocou o próprio pênis sobre a mesa em que eles jogavam. Romero sem pensar duas vezes deu um murro prensando o pênis do Seu Boneca contra a mesa. Seu Romero havia visto tanto Seu Boneca apontar a arma para as pessoas e nunca havia visto ele atirar, e imaginou que não seria dessa vez.

-Aaaaaahhhhhhhhhh......! Sua bicha, você vai me pagar por isso.

Seu Boneca levantou o revólver, e deu três tiros em Romero. Dois pegaram na cabeça. Imediatamente Damiel levantou-se e foi abraçar Romero já caído no chão todo ensangüentado. Damiel lamentava sobre o cadáver:

-Não Romero, você não pode me abandonar, como eu vou viver sem você agora, como? – falou tudo olhando nos olhos do cadáver e depois o abraçou com toda a força.

Seu Boneca ainda sentindo as dores, se revoltou com a cena e disse a Damiel:

-Ah, sua bicha, eu sempre soube que vocês eram bichas, morre desgraçado, vai fazer companhia pro seu namorado!

Depois disso ele descarregou todas as cinco balas que restavam no seu 38 em cima de Damiel. Ele achava que tinha feito um bem para a sociedade, e sentou-se ao balcão com uma feição de dor e a mão massageando o pênis e pediu mais uma dose. Minutos depois a polícia chegou e o levou.

-Meu Deus do céu. Nosso bairro já viveu dias mais tranqüilos.
-Com certeza – concordou o dono do bar
-Bom, muito obrigado, vou rezar por eles, e também por Seu Boneca que desperdiçou sua vida por uma besteira.
-Realmente, agora os dois estão mortos e ninguém sabe se realmente eles eram homossexuais.
-É verdade, e se eles fossem, não era problema de ninguém.
-Realmente!
-Tchau! – despediu-se Rogério apertando a mão do dono do bar
-Tchau!

Rogério voltou para casa pensando no acontecido. Como poderia haver tanto preconceito, tanta violência? Ele não queria pensar nisso agora, ele queria apenas curtir seu aniversário com sua namorada, amigos e parentes.

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