segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dos 16 aos 16 - Cap 18 – Amanhecer de mais um dia

Leia antes a sinopse e os capítulos anteiores.


Manhã seguinte, oito horas da manhã. Rogério definitivamente não teve uma boa noite de sono, mas continuava sem o menor sono. Levantou-se e foi tomar banho, e saiu atrás de seus amigos para dar a notícia e se informar sobre o velório do amigo.

A primeira ser procurada por Rogério foi Priscila, não foi muito simpático de sua parte acordar a menina em pleno domingo às nove da manhã. Porém, não é nada fácil perder um amigo de 11 anos, e ele buscaria ajuda nos seus “novos” amigos. Priscila era agora sua confidente, e foi a primeira a saber.

Por volta de nove e meia saíram em direção à casa de Eduardo, e ao chegar lá o mesmo não estava, mas Rogério teve uma pequena conversa com a mãe dele:

-Dona Dirce, tenho uma má notícia, e eu gostaria que Senhora repassasse para o Eduardo.
-É a respeito do Alex?
-É sim senhora. A senhora já está sabendo?
-Sim, o Eduardo ficou muito abalado, sabe? E ele pediu pra passar essa semana e a próxima, que é a semana do “Saco Cheio”, na casa do seu primo em Barretos. Eu entendo o lado dele, afinal de contas ele e o Alex estavam se dando muito bem agora. Ele foi viajar agora de manhã, o pai dele o levou na rodoviária.
-É sim, tavam se dando muito bem!
-Quer que eu dê algum recado quando ele ligar?
-Não, não! Obrigado Dona Dirce. Era sobre Alex mesmo!
-Tá certo então Rogério. Até qualquer hora!
-Até.

Imaginaram logo que Eduardo estava com problemas também, mas ninguém podia garantir, pois Eduardo comprava drogas com Alex, mas nunca ficou devendo nada. E ele nem por um segundo se envolveu no tráfico. Duas semanas fora o faria realmente esquecer os problemas e repensar as besteiras que havia feito neste ano.

A próxima pessoa a ser visitada seria Marcela, ninguém ao menos atendeu a campainha. Os pais de Marcela e sua irmãzinha haviam saído a pedido de Marcela que queria ficar sozinha em casa. Quando eles a chamaram, Marcela estava deitada na banheira vazia pensando mil e uma bobagens. Estava escrevendo algumas palavras sobre a perda de seu namorado, exato um ano depois do início do namoro. Dizia a carta que ela escreveria e ninguém mais haveria de ler:

Consta nos altos que um dia eu pudesse encontrar,
algum lugar decente, que pudesse me confortar,
e uma pessoa pra me amar
Mas é difícil tentar achar
Não vou mais me preocupar
Palavras ao vento, rabiscos no papel
e pessoas querendo entender
Procuro, procuro ao meu lado
e ninguém pra me explicar

Disseram-me que a melhor maneira de aprender, seria sempre, sofrer, e eu sinceramente, preferia morrer sem saber. Podia ser um romance juvenil, mas não deveria acabar da pior maneira possível?Eu tinha tudo para ser uma boa aluna, por que esse Deus que todos veneram fez tamanha maldade com uma menina, que até onde eu saiba não devia nada a ninguém?

Ser atéia pra mim virou questão de honra! Despeço-me da igreja, do padre, e principalmente de Deus! Passo agora a não mais acreditar em qualquer misticismo, e passo agora a acreditar em pessoas. Deus nunca me trouxe alegria nenhuma, e nunca me consolou junto a meus problemas, nunca me emprestou um dinheiro para aquele show que eu não podia perder, e agora, não diferentemente, não me ajuda de forma alguma. Ouço sim, meus amigos, pessoas tocarem a campainha para me oferecerem um ombro, mas prefiro não os atender para não repartir tamanha tristeza e desapontamento numa força em que tanto acreditei, que tanto evoquei e sempre me foi falha quanto precisei dela. Chega de crenças! Quero tato, quero gente, quero calor.

Alex nunca mais sairá do meu coração, aprendi muito com ele, e ele foi a primeira pessoa que fez ver realmente o valor dos amigos e a primeira pessoa que me deu asas para voar nos meus sentimentos. Espero que para onde quer que ele vá, que encontre pessoas que possam ajudá-lo, um lugar decente pra confortá-lo, daqui ficará a pessoa pra lhe amar.

Rogério e Priscila tocaram a campainha duas vezes e decidiram ir embora, pois Marcela poderia estar dormindo, e preferiram não mais a incomodar...




Ouça aqui a poesia de Marcela, com arranjo do Dezesseis, música: Tentar Achar


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1 Comentário:

felipe disse...

amigo,

estava lendo sobre suas aventuras em Ciudade del leste e, que grata conhecidencias, vi que você passou uma temporada em Dublin. Conheci esta cidade louca a primeira vez em 97/98 e voltei no ano em que vc estava lá, outubro de 2008, pois minha esposa estava em intercâmbio, estudava no centro, perto da O´connel. Passei alguns dias com alguns brasileiros em Donnycarney. Adoro aquilo,

pretende voltar?

abraço e ótimo texto.

se quiser manter contato:

felipe.fidelis@hotmail.com

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